Por Mariliz Pereira Jorge
Dá para ficar em forma, mesmo que o metabolismo sabote seu peso
Quando era mais jovem, eu tinha certeza de que era magra. Olhando hoje as minhas fotos, cheguei à conclusão de que fui uma garota mais gorda do que sou agora na maior parte dos meus 20 anos. Por uma razão muito clara: não sabia comer. Cozinha para mim era o lugar onde eu tomava refrigerante e fazia pipoca. E, então, não há bom metabolismo que resista. Ou melhor, hoje vejo que tenho que agradecer de joelhos por não ter me transformado numa gordinha durante essa década. E foi exatamente no ano em que tive que encarar os 30 que me dei conta de que nunca, nem na adolescência, tinha tido um corpo tão bem definido e bonito. Milagre? Nada. Aprendi que não dá para comer quatro pedaços de pizza às 10 da noite e ir dormir. E que Deus só dá bumbum durinho a quem não falta à academia. Hoje o metabolismo já não é mais o mesmo. Se exagero num jantar, por exemplo, acordo me sentindo gorda. A comida não abandona o corpo nem com reza brava. Lembro que, nos meus 20 anos, quando queria emagrecer, abria mão do jantar - unzinho só - e acordava com a barriga negativa. Não acontece mais. Esse tipo de mágica a gente desaprende a fazer quando completa 30 anos.
Só nós, mulheres, enxergamos as ruguinhas - e você pode evitá-las
Juro que pensava que, na manhã seguinte ao meu aniversário de 30 anos, acordaria velha. Oito anos depois, não tenho nenhum fio de cabelo branco e minha pele continua firme. Tem o fator genética, mas também muita disciplina. Nada é de graça na vida - muito menos o kit de produtos de beleza no meu banheiro, que não fica só enfeitando a bancada. Claro, há dias em que acordo mais amassada do que papel de chiclete no lixo. Preguiça de tirar o make, a quarta taça de vinho ou uma noite maldormida levam a culpa. Às vezes, saio correndo da cama para dar um up no visual antes que meu namorado acorde. Em outras, não há escapatória. Ainda bem que ele também já passou dos 30 e diz que fico linda descabelada e com cara de sono. Porque eu nunca mais acordei com aquela bochecha rosada do bebê Johnson. Isso acontece aos 20, nunca mais depois que a gente faz 30 anos. Uma injustiça.
Ser independente não significa salvar o mundo e ainda resgatar a Mulher Maravilha
Quem não sonhava em não dar satisfação sobre o lugar aonde vai, com quem vai e o que vai fazer? Todo mundo da Silva. Então, você sai de casa e não se contenta apenas em ter um trabalho bacana, morar num apartamento legal e passar no free shop umas duas vezes por ano. Coloca na cabeça que tem que ser autossuficiente. E isso inclui saber usar uma furadeira, dividir a merreca da conta de gás com o namorado e não chorar mais no final de um filme água com açúcar porque cresceu ouvindo que deveria ser a Mulher Maravilha. Está aí um exemplo de que nem tudo o que a gente aprende é bom. Estou tentando resgatar esse lado mulherzinha que é legal (e os meninos curtem) e ter uma vida com menos cobranças. Os homens gostam de mulheres que tenham carreira e amem o que fazem, mas adoram cuidar das mulheres que amam - e isso inclui pagar a conta do restaurante. Possoser uma profissional bem-sucedida e ainda entrar em casa e ter alguém que me abrace depois de um dia difícil - e que também cuide da pia entupida.
O sexo fica muuuuito mais gostoso
Põe o dedo aqui quem já fez alguma coisa na cama - ou transou sem vontade - porque o namorado queria. Eu já. Hoje, digo simplesmente "Não estou a fim". E nunca mais fingi um orgasmo. Vai dizer que você nunca fingiu? Cresci numa época em que os pais jamais falavam sobre isso. Pior, nem as minhas amigas. Então, tive que descobrir na luta.
Hoje, por exemplo, não como melancia, que detesto, nem amarrada. Mas passei um tempo tentando me convencer de que era bom só porque todo mundo gostava. Com o sexo é a mesma coisa, você acaba criando mitos que, com a experiência, vão desmoronando um atrás do outro. E eu aprendi algumas lições: é mentira que homem gosta mais de sexo do que mulher; ou que mulher não sabe separar amor de sexo; e esta você já deve ter lido mil vezes em NOVA: masturbação é a melhor forma de conhecer o seu corpo.
Talvez você fique chocada com o que vou dizer, mas, depois de saber o que lhe dá prazer, uma ótima dica é transar algumas boas vezes com um cara de quem você nem goste tanto. Melhor, que goste mais de você do que você dele. O lindo vai suar aquela barriga tanquinho para agradá-la, e sua preocupação será você mesma. Só aprendi isso após os 30. Mais: só tive coragem de fazer isso após os 30.
Por último, mas não menos importante: homem gosta de mulher que arregaça as mangas da blusinha de paetês, toma a iniciativa e faz um serviço benfeito: sexo oral gostoso, assume o controle e fica numa posição em que tenha que suar o blush. Há poucas coisas na vida tão deliciosas como ver o cara de quem você gosta revirando os olhos. E isso a gente demora a aprender. Até lá, fica deitada na cama como uma bela adormecida e deixa que o coitado se lasque procurando o ponto G, que eu mesma só descobri onde era depois dos 30.
Sempre há tempo para virar a vida do avesso
Aos 20, o mais longe que eu conseguia mirar era o final de semana. A gente se permite tomar decisões erradas, experimentar, não dá para deixar para depois. Nessa fase, mudei de cidade, de trabalho, de namorado. Quanto mais experiências, mais chances você tem de acertar. Aos 30, o futuro é agora, mas ainda dá tempo de mudar tudo. Larguei um trabalho bacana, fui morar fora, quase casei com um gringo, voltei, arranjei outro namorado, outro trabalho. Então, descobri que odiava o que fazia, pedi demissão e hoje tenho o emprego dos meus sonhos. Descobri que meu ex era um idiota, e com isso tive a chance de conhecer outra pessoa, que está com pinta de ser o amor da minha vida. Isso tudo porque você aprende o que a deixa feliz. Aos 20, engoli muita melancia. Agora, olho o menu e já sei o que recusar.
Fazer 30 é bom para elas porque...
"Cheguei aos 30 recém-separada. E acho que o rompimento foi apenas reflexo da tomada de consciência do que eu queria para a minha vida. Conquistar a independência financeira, não ter que dar satisfações a ninguém. Sou mais mulher aos 30. Conheço mais o meu corpo e uso como quero, sem pudores. Se é para fazer, que seja bem feito e me leve às alturas!" Leticia Tourinho Dantas, 30 anos, advogada
"Substituí a necessidade de badalar pela vontade de autoconhecimento. Parei de implicar com coisas bobas que tiravam minha mãe do sério e o nosso relacionamento melhorou. Passei a procurar um namorado de verdade, e não um príncipe encantado. Aos 30 anos, tem muito mais valor viver um amor com os defeitos que pode ter, ter bons e poucos amigos, uma noite bem- dormida..." Glenia Silva, 32 anos, consultora de sustentabilidade
"Olhando para trás, vejo quanto era desleixada e gorducha! Passei a me exercitar e me alimentar melhor. O sexo melhorou 100%, fui aprendendo a me soltar, a dizer o que curto e o que não curto. Aos 20, queria ser independente, ter meu próprio dinheiro, aplicar, torrar com viagens. Aos 30, aprendi a gastar menos do que ganho - cheque especial nunca mais!" Renata Bagnolesi, 38, chefe de cozinha
Antes e depois
Acredite, a gente sempre pode mudar para melhor!
Fonte:http://nova.abril.com.br/edicoes/451
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