quarta-feira, 11 de maio de 2011

Às turmas de 2º Ano


CONTROLE DA EUTROFIZAÇÃO


O gerenciamento e controle de cianobactérias nos sistemas aquáticos podem ser de caráter preventivo ou corretivo (erradicação da floração). A prevenção é a mais desejável das duas abordagens. É economicamente mais viável minimizar o impacto das florações no ambiente, a ter que remover as algas durante as etapas do tratamento da água para o abastecimento público. Existe uma série de alternativas que podem ser implementadas objetivando a redução dos impactos decorrentes da ocorrência de florações de cianobactérias potencialmente tóxicas: 
• diminuição das causas do processo de eutrofização, visando a minimização do aporte de nutrientes para os corpos d’água; 
• controle dos efeitos oriundos do processo de eutrofização de lagos e reservatórios, através de técnicas que minimizam o desenvolvimento de florações de cianobactérias; 
• remoção de cianobactérias e cianotoxinas da água bruta destinadas ao abastecimento público, através de processos de tratamento realizados pelas estações de tratamento de água (ETAs). Dentre as ações conjuntas capazes de controlar o processo de eutrofização, podem ser citadas

• boas práticas agrícolas designadas para controle de erosão, uso racional de agrotóxicos e de fertilizantes;
• tratamento de esgoto com remoção de fósforo e nitrogênio;
• economia de água, manejo ambiental para aumentar a capacidade de retenção de água na bacia hidrográfica;
• monitoramento contínuo do sistema, incluindo vigilância por satélite;
• treinamento permanente de técnicos operadores de sistemas relacionados aos recursos hídricos, para otimização da quantidade e qualidade da água;
• interação contínua entre projetistas, gerentes e cientistas a fim de endereçar mudanças, atualizar planejamentos e estratégias;
• desenvolver parcerias entre os setores públicos e privados, para melhorar ações de manejo de bacia hidrográfica;
• campanhas de conscientização e envolvimento da comunidade para produzir mudanças culturais e melhorar atitudes que envolvem questões ambientais.


Algumas alternativas de caráter emergencial podem ser utilizadas para reduzir a densidade de cianobactérias na água bruta captada para o abastecimento público, tais como: alteração do ponto de captação, aeração da coluna d’água, remoção mecânica da nata ou manejo de vazão. Caso a água captada contenha células de cianobactérias tóxicas, deve-se ter cuidado na escolha do método de tratamento aplicado. Para remoção de células inteiras, o processo convencional pode ser usado com sucesso, desde que não se faça pré-cloração. A remoção de toxinas dissolvidas exige tratamentos avançados, como processos de adsorção em carvão ativado ou oxidativos (ozonização, aplicação de cloro livre ou permanganato de potássio).
A Portaria do Ministério da Saúde n° 1469, de 29/12/2000, consiste em enorme avanço para o país, pois além dos padrões de potabilidade, estabelece procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para o consumo humano. Dentre as inovações da norma, está o controle da qualidade da água bruta, junto o ponto de captação, em manancial superficial, incluindo o monitoramento de cianobactérias.

Antes que qualquer medida seja tomada, deve-se conhecer e compreender o funcionamento do ecossistema para que se possa garantir a eficiência do tratamento, sem por em risco a saúde do ambiente e dos seus usuários, devendo-se priorizar a prevenção da proliferação de algas. Entretanto, em muitas regiões isto já não é mais possível, devido às grandes cargas de nitrogênio e fósforo acumuladas ao longo dos anos, podendo ser imprescindível a aplicação de ecotecnologias associadas à recuperação dos recursos hídricos e controle das florações de
cianobactérias.

Enfim, devido ao grande impacto à saúde dos ecossistemas, as ocorrências de florações de cianobactérias devem ser monitoradas e controladas para que se evitar danos à saúde humana e animal. Um esforço conjunto entre os vários segmentos sociais se faz necessário para a elaboração de diretrizes visando o controle do processo de eutrofização, principalmente para definição de estratégias a serem aplicadas em reservatórios que já apresentam intensas florações de cianobactérias.

Autor: Gina Luísa Boemer Deberdt - bióloga, mestre e doutora em Ciências da Engenharia Ambiental (USP), SOLUÇÕES Série Meio Ambiente ANO I - NÚMERO 2 - Abril de 2003

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