quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ensino da Genética!

Mendel não reclamaria

Professora do ensino médio e estudante de mestrado, Daiana Sonego Temp propõe novos modelos didáticos para se ensinar genética. Ela insiste: "os educadores precisam buscar novas formas de construir conhecimento".
Mendel não reclamaria
O experimento mais conhecido de Mendel, 'o pai da genética', foi com ervilhas. A experiência também serve para mostrar, imageticamente, conceitos da matéria. (foto: Wikimedia Commons)
"Como explicar algo que, às vezes, é abstrato até para os educadores?", questiona, logo no início da conversa com a CH On-line, Daiana Sonego Temp, professora de biologia de ensino fundamental e médio da cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Sua tese de mestrado em Educação na Universidade Federal de Santa Maria será defendida ainda este ano e propõe, justamente, um novo olhar sobre o ensino de biologia para adolescentes – com ênfase no ensino de genética.
Cromossomo, gene e DNA: o aluno sabe a diferença entre os três?
Em julho de 2011, comemorou-se os 189 anos de nascimento do botânico Gregor Mendel, considerado "o pai da genética" por observar, de modo pioneiro e com rigor científico, linhagens e gerações de animais e plantas.
Quase dois séculos depois, a genética desenvolvida por Mendel ainda é ensinada no colégio e o seu estudo com linhagens de ervilhas é o exemplo mais celebrado. Daiana, no entanto, propõe uma forma mais visual de apresentá-la aos alunos.
A ideia é facilitar a compreensão sobre o funcionamento de estruturas microscópicas tão complexas como cromossomo, gene e DNA.
"É difícil o aluno perceber a diferença entre essas três estruturas", diz a professora. "Para os estudantes, cromossomo, gene e DNA são as mesmas coisas, por isso é importante que se veja, por meio de novos modelos didáticos, a diferença de cada um."
Pensando nisso, Daiana desenvolveu um modelo gráfico e imagético que explica – com palitos de dente, papel e tinta – como várias sequências de genes formam o DNA e, também, como o cromossomo organiza e armazena parte desse DNA.
"Para produzir esse tipo de material didático é necessário, sobretudo, criatividade", conta a professora. "Às vezes, basta que o próprio aluno desenhe na cartolina a imagem que faz de um gene para que saibamos se ele entendeu ou não a matéria", complementa.
O modelo de Daiana foi publicado no portal Genética na Escola, sua principal fonte de exercícios didáticos.
Mendel não reclamaria
Palitos de dente representam cromossomos duplicados e faixa preta, gene. Descrição do experimento foi publicado na revista 'Genética na Escola'. (foto: reprodução)

Dúvidas e soluções

Em seu mestrado, Daiana mapeou as maiores dúvidas dos alunos em relação à genética. Além da famosa tríade 'DNA-cromossomo-gene', fenótipo e genótipo, montagem de árvore genealógica e conceitos-chave como 'hibridismo' e 'herança genética' também estão na lista.
Em uma de suas aulas, Daiana experimentou montar um problema de genealogia, herança, fenótipo e genótipo. Não propôs nada muito novo e usou os já propalados exercícios de "fulano casou com ciclana e teve filho de cabelo ondulado, liso, olho azul...". A diferença, simples e vital, foi, em vez de apresentar ao aluno um caso pronto, pedir a ele para escrever uma história descrevendo as relações genéticas entre seus personagens.
"Essa ação gerou uma reação incrível, pois os alunos se empolgaram e ainda conseguiram fazer relação com conteúdos ensinados no ano anterior, como síntese de proteína", festeja a professora.
Seja com jogos, novos modelos didáticos ou estímulo à proatividade, Daiana quer expandir os métodos tradicionais de se ensinar genética. Nada contra Mendel.

Thiago Camelo

Ciência Hoje On-line

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