quarta-feira, 1 de junho de 2011

ECOLOGICAMENTE CORRETO

Casa verde

Fundação Oswaldo Cruz inaugura espaço ecologicamente correto com o objetivo de estimular habitação mais sustentável.
Casa verde
Localizada no campus da Fundação Oswaldo Cruz, a Casa Eficiente é toda feita de madeira escura e certificada, com um jardim que aproveita garrafas pet para acomodar mudas de planta. (foto: Talita Barroco)
Em O Alienista, de Machado de Assis, a Casa Verde é o hospício onde o doutor Simão Bacamarte interna os moradores da pacata Itaguaí. Na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), outra casa, também muito verde, tem mostrado que não há loucura alguma em conciliar bem-estar e meio ambiente.
Criada em 2008 como laboratório de projetos e ponto de conscientização para funcionários da entidade, a Casa Eficiente da Fiocruz abriu as portas ao público no mês passado, no Dia Mundial da Saúde (7/4).
“A ideia é mostrar que é possível uma casa mais ecológica a partir de pequenas iniciativas”, afirma Tatsuo Shubo, chefe do Departamento de Meio Ambiente da Diretoria de Administração do Campus (Dirac) da fundação.
A casa é toda feita de madeira escura e certificada, com um jardim que aproveita garrafas pet para acomodar mudas de planta. Já do lado de fora, avistam-se as três caixas d´água que a abastecem: uma convencional, outra que coleta água da chuva e uma terceira que se liga ao aquecedor feito de garrafas plásticas e embalagens Tetrapack pintadas de preto.
Casa Eficiente
Três caixas d´água abastecem a casa. Uma convencional, outra que coleta água da chuva e uma terceira que se liga ao aquecedor feito de garrafas plásticas e embalagens Tetrapack pintadas de preto. (foto: Talita Barroco)
“Com a água dentro do dispositivo exposto ao sol, conseguimos esquentar o líquido sem consumir eletricidade”, explica Shubo.

Casa adentro

Outras traquitanas ecológicas dominam o interior da casa. Um exemplo é o chuveiro convencional, que gera uma economia de 40% de energia, funcionando justamente com a água proveniente do aquecedor ecológico.
No banheiro, a água da descarga vem da chuva e três torneiras com princípios diferentes de ativação – uma com sensor de presença, outra hidromecânica e uma terceira convencional – dão aos visitantes uma aula de meio ambiente e economia.
Cada uma tem seus prós e contras. As principais vantagens da torneira com sensor de presença são a economia aliada ao volume constante liberado a cada acionamento (cerca de 100 ml por fluxo) e a não necessidade de contato físico, proporcionando maior higiene. A torneira hidromecânica – aquela que você aperta uma vez e sai um jato de água – apesar de mais econômica do que a convencional, não proporciona fluxos constantes, variando entre 100 ml e 400 ml.
“Há economia de até 40% entre as versões eletrônica e mecânica”, afirma Shubo. Já no modelo tradicional, o controle do fluxo pelo usuário determina o consumo de água.
O espaço conta ainda com um painel de lâmpadas que contém diversos modelos, variando desde a incandescente até os modelos T5, última geração de lâmpadas fluorescentes tubulares. As fontes de luz têm o consumo e a duração comparados entre si.
Casa Eficiente 2
A Casa Eficiente conta com um painel de lâmpadas de diversos tipos, que têm o consumo e a duração comparados entre si. Torneiras com diferentes princípios de ativação dão aos visitantes uma aula de meio ambiente e economia. (foto: Talita Barroco)
“Lâmpadas como as tubulares T5 podem ter uma vida útil até três vezes mais longa em relação às incandescentes comuns, além de terem um maior índice de iluminação”, conta Shubo.

Mais verde ainda

Os planos do Departamento de Meio Ambiente para o futuro da casa incluem mais dispositivos ecologicamente corretos. Segundo Shubo, estuda-se a instalação de um telhado verde, técnica que aplica cobertura vegetal ao topo das construções. “Isto reduziria a necessidade de gasto energético na climatização da casa”, afirma.
No local onde fica a Casa Eficiente, havia uma estação de tratamento de esgoto que foi modernizada, reduzindo a necessidade de espaço e dando lugar à chamada Central de Saneamento Professor Szachna Eliasz Cynamon, que será inagurada oficialmente no dia 6 de junho.
O espaço concentra outras iniciativas sustentáveis. “Temos uma central de compostagem que transforma 80% dos galhos e folhas recolhidos no campus em adubo”, explica Shubo.
A central de saneamento abriga ainda um espaço para tratamento de resíduos químicos e um bunker para material radioativo.
Como na fábula de Machado, a Casa Eficiente promete não parar de crescer, cheia de ideias mirabolantes em prol de uma habitação mais sustentável.

Saulo Pereira GuimarãesCiência Hoje On-line

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